"Não é na resignação,mas na rebeldia em face das injustiças que nos afirmaremos." ( Pedagogia da autonomia)

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Reflexões sobre currículo - "O que se entende por desenvolvimento curricular?" (José Augusto Pacheco)

  • O "currículo como práxis" evidencia a formação voltada para a emancipação dos indivíduos.O termo práxis relaciona-se à prática, ao que se pode ver efetivamente em se tratando de ação pedagógica. Um curriculo assim, parte do princípio de que a formação presica ser coerente com a vivência dos educandos e convida a todos os envolvidos no processo educacional ( não somente alunos e professores!),mas toda a comunidade a participarem desta ação. Não é um currículo controlado,racional e intencional - ideologicamente formulado. Pelo contrário, vai tratar dos interesses dos alunos, ou seja, vai ser reflexivo, no sentido de pensar o melhor para que a educação e todo processo de ensino seja significativo.



sexta-feira, 20 de maio de 2011

Relação do filme Giordano Bruno com o texto "Escritos Curriculares"


Conhecendo um pouco da história...
Em 17 de fevereiro de 1600, Giordano Bruno foi queimado vivo depois de dois julgamentos e seis anos de cárcere em Roma. Condenado à fogueira por heresia, Giordano Bruno morreu como símbolo de um tempo de mudança. Seus livros foram queimados, mas suas idéias se perpetuaram. A condenação de Bruno não só evidenciou o desespero da Igreja Católica frente às reformas religiosas que aconteceram em toda a Europa no século XVI, mas também propagandeou involuntariamente as idéias heréticas que haviam sido condenadas.
Rebelde por natureza, Bruno ingressou na ordem dominicana de onde acabou fugindo por insubordinação para se tornar, a partir de 1576, um “sábio errante”, como o designa o escritor norte-americano Richard Morris, em seu livro Uma breve história do infinito – dos paradoxos de Zenão ao universo quântico.
Em 1579, depois de ter vivido em várias cidades italianas, Bruno se mudou para França onde obteve um doutorado em teologia pela Universidade de Toulouse. Viveu também em Paris e na Inglaterra, tendo lecionado em Oxford. Trabalhou em algumas universidades da Alemanha e, em 1591, voltou a Veneza para trabalhar como tutor de Mocenigo, um rico comerciante.
O filme Giordano Bruno (1973), de Giuliano Montaldo, se inicia justamente nesse período. Bruno já é um filósofo conhecido em grande parte da Europa e se hospeda na casa de Mocenigo, em Veneza. Os dois se desentendem e Bruno é denunciado aos inquisidores. Nessa ocasião, é realizado o primeiro julgamento, interrompido pela Santa Inquisição Romana, que exigia a extradição do prisioneiro a Roma.
No filme, alguns traços históricos podem ser remarcados de forma muito interessante, como as diferenças entre a República de Veneza e Roma, centro do poder papal. A autoridade do papa era reconhecida por todos os reinos católicos, mas controlava administrativamente apenas o centro da península itálica – embora a Igreja Católica fosse um dos pilares de vários monarcas europeus. Quando o senado veneziano vota em favor da extradição de Giordano Bruno, fica evidenciado o enfraquecimento da autonomia de Veneza, que, no século XVI, já estava em decadência como as outras cidades mercantes do Mediterrâneo, a ponto de o senado decidir conforme fosse mais conveniente para suas relações com a Santa Sé.
A extradição de Giordano Bruno, mesmo depois de ter abjurado em troca de sua liberdade, é uma ação política que retrata o momento pelo qual passava Veneza, antecipando sua dependência do Papa. Nesse ponto, o filme acerta, pois refaz bem o contexto político e mostra que Bruno morreu não só por suas idéias, mas também como um sacrifício “diplomático” de Veneza.
Fora a questão de poder entre as cidades italianas, Giordano Bruno foi condenado à fogueira por oito heresias destacadas de seus livros durante o segundo julgamento, em Roma. Entre elas está a crença no sistema heliocêntrico, mas também está a crença na reencarnação e no universo infinito. Sobre Bruno, Richard Morris também diz que “embora fosse um copernicano ardoroso, Bruno não era um cientista e contribuiu pouco ou nada para o desenvolvimento da astronomia.” No entanto, isso não exclui a importância de suas idéias nem anula sua contribuição ao desenvolvimento do conhecimento humano.
(fonte:http://www.clickciencia.ufscar.br/portal/edicao13/resenha1_detalhe.php)

Discutindo...

As cenas do filme Giordano Bruno trazem apensamentos importantes para entender a educação atualmente.

A formulação do currículo é centrada de maneira que atenda aos interesses de um pequeno grupo. No filme, percebe-se a a igreja tinha o objetivo de manter a ordem vigente, de manipular. Nada mais propício do que controlar a formação das pessoas.
Como Giordano era um homem a frente de seu tempo, suas ideias foram rejeitadas pelo poder da Igreja Católica, pois as mesmas representam uma ameaça ao poder. O que evidencia o quanto o espaço do educar tem um papel importante - ou emancipa ou aliena...
Podíamos perceber há algum tempo que a educação, assim como o retratado no filme, não tinha intenção alguma de tornar os indivíduos autores de sua própria história e livres para pensar. Por isso, todos os que tinham ideias diferentes do que o poder da época apresentava como ideal, eram perseguidos por vezes até a morte.

O que se pretende com esta discussão é contemplar uma visão de currículo que atenda às necessidades dos indivíduos e faça com que eles tenham condições de serem escritores da sua própria história. O que se quer é direcionar para areflexão crítica da realidade uma vez que a construção curricular deve passar por isso. Atender a interesses elitistas não cabe em um espaço propício do saber,da construção do conheciehecimento, se não, a educação terá sua base em uma contradição, e com certeza, não se sustentará.

Atividade 2

1) Qual é o conceito de “currículo” apresentado pelo autor?
Segundo o autor o currículo corresponde aos conteúdos, conceitos que são suscetíveis de ser ensinados nas escolas. Compreende tudo que é suposto de ser ensinado ou aprendido, seguindo uma ordem determinada de programação e sob responsabilidade de uma instituição de educação formal, nos limites de um ciclo de estudos.Compreende o conjunto de conteúdos cognitivos e simbólicos (saberes,competências,representações,tendências,valores) transmitidos (de modo implícito ou explícito) nas práticas pedagógicas e nas situações de escolarização,isto é,tudo aquilo a que poderíamos chamar de dimensão cognitiva e cultural da educação escolar.
2) Explique o que representa a idéia de “universalismo” no currículo,apresentando os aspectos que o definem.
O universalismo compreende tudo que é exposto ao uso comum, no sentido de homogeneização das massas. No currículo, ele se relaciona aos conteúdos imutáveis e ordenados para determinado grupo. São saberes pré determinados e impostos, até mesmo indiscutíveis. Pode-se, em muitos casos, relacionar os conhecimentos às relações de poder. Isto porque através da manipulação do conhecimento que circula é possível manter a ordem social vigente, o status quo. Através disso posso construir um currículo com uma intenção determinada, um objetivo que pode estar claro ou não.
O universalismo no currículo nega o multiculturalismo, uma vez que desconsidera a contextualização do mesmo. Podemos encontrar no universalismo uma posição etnocêntrica, já que privilegia uma determinada visão em detrimento de outra ,não mesmos importante. O que se questiona é que a escola de hoje não dá conta de um currículo universal. A demanda atual não comporta uma unidade de conceitos,de valores imutáveis. E o objetivo da educação, passados séculos de história , é a emancipação dos indivíduos. Com um currículo pré determinado, sem abertura para ampliação,discussão e reflexão não cabe espaço para isso.

3) Explique o que representa a idéia de “relativismo” no currículo,apresentando os aspectos que o definem.
O relativismo compreende a contextualização do currículo. Discute a validade do que é ensinado e supostamente aprendido.É uma oposição ao universalismo,uma vez que propõe a discussão dos conceitos,valores e conhecimentos. Não no sentido de cada um escolher,ou determinar os conhecimentos sem encadeamento.O que se coloca é que com o relativismo pode-se ter a abertura para a reflexão, o pensar as situações. Com um currículo ordenado ,é claro, mas sem interesses implícitos.Há a possibilidade de contextualização do conhecimento. Não postula uma visão em detrimento da outra.
Nessa perspectiva, o espaço do educar não será somente para atender a certos interesses, mas vai englobar a formação de pessoas conscientes daquilo que estão aprendendo e ensinando. O relativismo vai questionar o dogmatismo social presente e perpetuado por séculos. Vai desvendar caminhos inimagináveis para que se chegue ao verdadeiro bem comum. Uma educação de qualidade precisa beber desta fonte para que seja coerente e eficaz.

4) Explique os seguintes enfoques sobre currículo;
a) analítico descritivo: utilizado pelos sociólogos e historiadores da educação e outros representantes das ciências sociais.
b) normativo e prescritivo: usado pelos filósofos da educação e todos aqueles que,desde o início das instituições de ensino,refletem em um determinado contexto e em função de um determinado público,sobre o que se deveria ou poderia ser ensinado.
c) operatório e tecnicista: usado pelos especialistas na elaboração e na implementação dos programas escolares.
d) eclético: utilizado pelos que estudam e ensinam a didática por ser o que combina diversos aspectos (elucidação, prescrição, criação, construção).